O vento da noite traz saudades do tempo em que não éramos,
ou éramos e não sabíamos.
Do riso frouxo e despreocupado, da dose dupla de embriaguez...
Das músicas que nos embalavam e que agora não cantam mais.
Das comidas nascidas a quatro mãos, do verde que nos reservava
as cores mais ricas e vibrantes...
Das narinas que levavam ar aos seus pulmões lhe dando vida,
das unhas comidas, de dormir dentro de mim.
Das manhãs em que éramos a pintura e a janela nossa moldura.
Da felicidade doce e tranquila de casa do campo.
De quando éramos plural... Mas algum vento passou e hoje vivemos no singular.
Um dia retornarei ao presente, quando o passado não me passar mais.