segunda-feira, 14 de março de 2011

Poetas

Deuses da sabedoria
Salvadores de almas
Provocam ventania
Nem sempre pedem calma

Jardins cinzentos
Pintam sem pedir licença
Sentimentos perdidos 
Presentes na ausência

Atrevidos, viram o
Mundo de ponta cabeça
Criam palavras, 
E com elas fazem com que
O ser seco se umedeça

Sem eles não há vida
É tudo ilusão
Apenas um respirar
Um coração leviano a pulsar...




sábado, 12 de março de 2011

(Im)perfeita

Me xingue, grite
me bata
Escandalize
na frente dos outros

Ligue insistentemente
tranque a porta
Cerceie minha liberdade
de pensar, e de agir

Incite em mim os piores
demônios
Me fazendo capaz de
quase agredi-la
sem pensar

Me faça odiá-la
por minutos de horas
Me ame e proteja
à sua maneira

Pois meu coração
arde por ti
Dúbio de raiva
e de ternura

Mas em qualquer
momento e tempo
o amor será eterno
e inabálavel
Simplesmente mãe...

sexta-feira, 4 de março de 2011

O tempo da amante

Catarina mulher formosa, era olhada por todos. Independente dos interesses, homens e mulheres a cobiçavam. Os pés pequenos e delicados de uma criança carregavam o corpo saliente de uma serpente envolvente, e perigosa. Olhos latentes, boca delicada, cintura fina e o emaranhado dos cabelos tiravam do caminho até os homens mais convictos.

Catarina não era mulher de um homem só, liberta, se entregava a quem aparecesse desde que este lhe despertasse desejos e tivesse algo distinto dos demais - com quem já se deitara.

Mas tinha uma sina - algo que independia do querer. Não só entregava o corpo, mas  também o coração, a cada leviano que por sua vida passava.


Se doava a todos e não se doava a ninguém, amava a todos e não amava a ninguém.


Mulher intensa sofria as dores de um câncer, quando seus amantes de poucos momentos iam embora. Passava dias equivalentes há anos amargando o abandono e a solidão, fazendo da melancolia sua fiel companheira.

Nua, vagava pela casa como uma alma penada confundindo os cômodos, os olhos partidos não guiavam seu corpo sem vida, sem a sombra de um amor. Bebia as  lágrimas e alimentava-se das lembranças, do cheiro que ainda permanecia no travesseiro...

Juntos eram irracionais, dois corações insensatos que cediam a tudo que o corpo pedia. Lembrava-se de tudo nos mínimos detalhes, lembrava até perder a memória. Até a tristeza lhe cansar e fazê-la adormecer.

Depois do temporal Catarina voltava mais radiante, sua beleza e juventude tinham mais viço - renovada para o próximo furação. Que fugazmente seria digno de seu corpo, seu coração e sua dor.