sexta-feira, 4 de março de 2011

O tempo da amante

Catarina mulher formosa, era olhada por todos. Independente dos interesses, homens e mulheres a cobiçavam. Os pés pequenos e delicados de uma criança carregavam o corpo saliente de uma serpente envolvente, e perigosa. Olhos latentes, boca delicada, cintura fina e o emaranhado dos cabelos tiravam do caminho até os homens mais convictos.

Catarina não era mulher de um homem só, liberta, se entregava a quem aparecesse desde que este lhe despertasse desejos e tivesse algo distinto dos demais - com quem já se deitara.

Mas tinha uma sina - algo que independia do querer. Não só entregava o corpo, mas  também o coração, a cada leviano que por sua vida passava.


Se doava a todos e não se doava a ninguém, amava a todos e não amava a ninguém.


Mulher intensa sofria as dores de um câncer, quando seus amantes de poucos momentos iam embora. Passava dias equivalentes há anos amargando o abandono e a solidão, fazendo da melancolia sua fiel companheira.

Nua, vagava pela casa como uma alma penada confundindo os cômodos, os olhos partidos não guiavam seu corpo sem vida, sem a sombra de um amor. Bebia as  lágrimas e alimentava-se das lembranças, do cheiro que ainda permanecia no travesseiro...

Juntos eram irracionais, dois corações insensatos que cediam a tudo que o corpo pedia. Lembrava-se de tudo nos mínimos detalhes, lembrava até perder a memória. Até a tristeza lhe cansar e fazê-la adormecer.

Depois do temporal Catarina voltava mais radiante, sua beleza e juventude tinham mais viço - renovada para o próximo furação. Que fugazmente seria digno de seu corpo, seu coração e sua dor.

5 comentários:

  1. Me pareceu tão familiar essa Catarina, se humilhando diante da própria fraqueza, pó e ainda uma correnteza inteira...

    Familiar!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Amava a todos e não amava a ninguém.
    .....

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  4. Se eu fosse mulher, essa seria minha história!

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  5. Catarina amava quem fazia ela sentir o que ela era, formosa, Olhos latentes, boca delicada, cintura fina... Sentia-se Mulher, fazia-se mulher, mulher que desperta desejos e é despertada, nesses encontros desencontrados.

    Catarina's, Mulheres que envolvem e só se deixam envolver por homens espelhos que relfetem seus encantos.

    Belo Conto.

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